hoje lembro-me de man ray
Esta velha angustia,
Esta angustia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha,
Em lágrimas, em grandes imaginações,
Em sonhos em estilo de pasadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.
Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que…,
Isto.
Um internado num manicômio é, ao menos, alguém,
Eu sou um internado num manicômio sem manicômio.
Estou doido a frio,
Estou lúcido e louco,
Estou alheio a tudo e igual a todos:
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura
Porque não são sonhos.
Estou assim…
(...)
Estala, coração de vidro pintado!
Álvaro de Campos
3 Comments:
Lindo post, mas, o poema é o que sentes, ou apenas o postas-te porque é muito bonito?
cito outro, desta vez baudelaire: há que estar sempre embriagado: de vinho, poesia ou virtude.
hoje estás ao rubro! tens aqui "matéria" para vinte Meme! :)
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